Dados do Trabalho
Título
Miocardiopatia Alcoólica em Adulto Jovem
Introdução
A miocardiopatia alcoólica é uma condição patológica do músculo cardíaco induzida pelo consumo excessivo de álcool, que resulta em alterações estruturais e funcionais, incluindo hipertrofia ventricular, disfunção sistólica e diastólica e alterações valvares. O termo tem sido utilizado para designar a cardiopatia presente em doentes com história prolongada (> 10 anos) de consumo excessivo de álcool (> 80g/dia). Sua prevalência tem aumentado, especialmente em adultos jovens. A fisiopatologia envolve mecanismos como estresse oxidativo, inflamação, efeitos tóxicos diretos do etanol e seus metabólitos nas células cardíacas. Ademais, a combinação com outras condições, como hipertensão arterial e diabetes, pode agravar a condição clínica do paciente, dificultando o manejo terapêutico.
Descrição do caso
Paciente masculino, 37 anos, apresentou convulsão após intoxicação alcoólica. Controlado o evento agudo, relatou antecedente de edema de membros inferiores de longa data, com piora após o episódio. Relatou consumo excessivo de álcool (> 80g/dia) por mais de 20 anos, dispneia em classe funcional NYHA III e ortopneia. O ecocardiograma revelou insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), taquicardia sinusal, hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo (VE) de grau importante, disfunção sistólica importante (FEVE Simpson: 20%) e redução importante do strain longitudinal global (2,2 – VN > 17%) com alterações valvares discretas. Após o episódio, iniciou abstinência ao álcool e tratamento para insuficiência cardíaca, com diuréticos de alçapara controle do edema e congestão pulmonar e incluiu os pilares do tratamento da ICFER, com uso escalonado de sacubitril/valsartan, dapagliflozina, espironolactona e bisoprolol. 1A 1B 2A 2B
Conclusões
O caso apresenta ICFER cuja provável etiologia é a miocardiopatia alcoólica. A condição pode levar a quadros graves, necessitando de tratamento rigoroso e abstinência de álcool. Após seis meses de tratamento, o paciente apresentou melhora significativa da função sistólica (FEVE Simpson: 49%) e normalização das dimensões e espessura parietal do VE. A classe funcional passou a ser classificada como NYHA I, evidenciando o quadro de insuficiência cardíaca melhorada. Essas comparações evidenciam uma evolução positiva do quadro clínico, em resposta ao tratamento adequado. A monitorização contínua e a manutenção das medicações modificadoras de mortalidade são cruciais para o manejo a longo prazo, a prevenção do quadro e as complicações adicionais.
Área
Cardiologia
Autores
Carolina Nazif Rasul, Thais Souza Gonzales, Marcus Vinicius Infante, Cynthia Dettmann de Melo Rasul, Fernanda Dettmann