Dados do Trabalho

Título

Lesão Arterial Pós-TAVI: Emergência Corrigida por Angioplastia Periférica

Introdução

A implantação valvar aórtica transcateter (TAVI) é uma técnica minimamente invasiva indicada em estenose aórtica grave, especialmente com contraindicação ou alto risco cirúrgico, mas também em moderado risco cirúrgico ou >75 anos de baixo risco cirúrgico. Reconhecida por sua eficácia e menor morbidade em comparação à cirurgia convencional, a TAVI apresenta incidência de complicações vasculares graves em torno de 2,9%, sendo a lesão arterial periférica uma das principais. Com efeito, lesões traumáticas da artéria ilíaca podem resultar em choque hemorrágico que, embora infrequente, pode se apresentar de forma aguda e exigir intervenção imediata para controle do sangramento e estabilização hemodinâmica.

Descrição do caso

Homem, 87 anos, portador de estenose aórtica grave sintomática, doença renal crônica, fibrilação atrial persistente, hipertensão arterial e dislipidemia. Submetido à TAVI, o procedimento foi realizado com sucesso por acesso femoral direito e, ao final, complicado por lesão arterial traumática com laceração de artéria ilíaca direita, evoluindo para quadro de choque hemorrágico grave com instabilidade hemodinâmica. Para imediata contenção do sangramento foi posicionado o cateter balão (PASSEO S3 7x60mm) via retrógrada através da femoral direita. Em seguida, posicionado o fio amplatz via femoral esquerda radial a laceração com posicionamento e liberação da endoprótese (SOLARIS 8x80mm), com resolução completa do sangramento. Iniciado protocolo de transfusão maciça, administração de drogas vasoativas e 16 unidades de crioprecipitado para estabilização hemodinâmica. No primeiro dia pós-operatório, a angiotomografia de aorta abdominal demonstrou ausência de sangramento ativo. Após estabilização dos demais parâmetros clínicos, o paciente recebeu alta em nove dias.

Conclusões

A lesão traumática grave de artérias periféricas durante a substituição valvar aórtica transcateter é uma complicação incomum, porém grave, que pode levar ao choque hemorrágico e ao óbito. A identificação e intervenção imediatas por meio de angioplastia com stent revestido foram cruciais para o controle do sangramento e a estabilização do paciente. O uso de protocolo de transfusão maciça, drogas vasoativas e crioprecipitado contribuiu significativamente para a recuperação, permitindo uma evolução favorável. O caso em tela reforça a importância de uma abordagem rápida e precisa em complicações vasculares graves durante intervenções percutâneas, sendo fundamental a pronta resposta para evitar desfechos adversos.