Dados do Trabalho
Título
Mixoma Atrial Esquerdo: um Relato de Caso
Introdução
Mixomas cardíacos (MC) são tumores benignos primários extremamente raros, com uma incidência estimada de 0,001% a 0,2%, podendo ser encontrados tanto em adultos quanto em crianças. Apresentam-se predominantemente localizados no átrio esquerdo, seguido pelo átrio direito e, mais raramente, nos ventrículos. A maioria surge de forma esporádica, embora, em menor frequência, possa estar associado a síndromes genéticas. O espectro de manifestações clínicas é variado, indo de assintomáticas até sintomas graves, como dispneia, angina e embolia, a depender das características da massa tumoral. Este relato discute o caso de mixoma atrial esquerdo, ressaltando a raridade da condição e sua importância no diagnóstico diferencial de sintomas cardíacos inespecíficos.
Descrição do caso
Mulher, 61 anos, em tratamento de dislipidemia, refere parestesia em membro superior esquerdo há 2 meses, evoluindo para dor retroesternal atípica há 1 semana. Realizada investigação inicial com ecocardiograma transtorácico que identificou massa no interior do átrio esquerdo aderida ao septo interatrial. Após foi submetida a ecocardiograma transesofágico que confirmou a presença de massa com discreta mobilidade, superfície regular e formato ovalado, localizada no átrio esquerdo, aderida ao septo interatrial, medindo 29x22x18mm, sem repercussão hemodinâmica. Realizada infusão de contraste SonoVue demostrou perfusão da massa, afastando a possibilidade de trombo e levantando a principal hipótese de mixoma atrial esquerdo. Foi submetida a ressonância magnética do coração que mostrou os mesmos achados ecocardiográficos. Ademais, foi realizada cirurgia cardíaca para exérese do tumor e laudo anatomopatológico confirmou a hipótese de MC.
Conclusões
A presença de MC configura uma patologia rara que acomete pacientes englobados em uma ampla faixa etária. Apesar de possuir um tipo histológico benigno, em alguns casos pode contribuir para uma evolução desfavorável do caso devido ao desenvolvimento de complicações relacionadas a sobrecarga retrógrada do sistema cardíaco. A paciente em questão não apresenta sinais de repercussões hemodinâmicas sistêmicas, fato que contribui para um bom prognóstico do caso. Entretanto, vale ressaltar que a não realização de uma ressecção cirúrgica precoce em casos de MC aumentam os riscos de complicações futuras como por exemplo a embolia arterial. Devido a esse fato, nota-se a importância do acompanhamento regular e precoce em casos de pacientes portadores de tumores primários no coração.
Área
Cardiologia
Autores
Thaís Souza Gonzales, Gabriel Chiarelli Dias, Mariana Menezes Rondon, Ana Carolina Rodrigues de Souza, Marcelo Salame